Assim, de repente
de fazer poesia.
Algo sem compromisso
com rima ou métrica
sem a menor intenção
de atingir algo ou alguém.
Simples, direta, palpável...
Pacificamente bela
na sua essência porém
volúvel na interpretação.
Algo que fosse quase
musical e totalmente compreensível.
Sem palavras fortes
rimas raras.
Que fosse fundamentada
no cotidiano
no ônibus cheio
nas buzinas
no azul do planeta,
no gosto da lágrima.
Fazer poesia desafinada
sem censura
e sem julgamento.
Alguma coisa desatada
da norma culta
e dos padrões da língua.
Algo que não
falasse de amor!
Um poema sem nexo,
lúdico que brincasse
com as palavras.
Que fosse a descoberta
do meu estilo.
Que por ser-me me fosse lindo.
Sem rodeios.
Sem continuidade.
Sem sentido.
Sem lirismo.
Real, normal...
Desinspirado.
Algo cínico que
fira com doçura
e veemência.
Algo meio fada,
meio bruxa
e meio madrinha.
Queria fazer um poema
que acompanhasse
o ritmo da respiração.
Que emocionasse
sem chocar.
Que não impusesse
identificação.
Um poema-eu
sem influências
nem prévia reflexão.
Algo que simplesmente
acontecesse.
Um imprevisto,
um reflexo.
Algo que me fugisse
ao controle.
Algo assim,
feito um beijo.
By Lucas