sexta-feira, 13 de julho de 2007

Poesia


Assim, de repente

bateu uma vontade louca

de fazer poesia.

Algo sem compromisso

com rima ou métrica

sem a menor intenção

de atingir algo ou alguém.

Simples, direta, palpável...

Pacificamente bela

na sua essência porém

volúvel na interpretação.

Algo que fosse quase

musical e totalmente compreensível.

Sem palavras fortes

rimas raras.

Que fosse fundamentada

no cotidiano

no ônibus cheio

nas buzinas

no azul do planeta,

no gosto da lágrima.

Fazer poesia desafinada

sem censura

e sem julgamento.

Alguma coisa desatada

da norma culta

e dos padrões da língua.

Algo que não

falasse de amor!

Um poema sem nexo,

lúdico que brincasse

com as palavras.

Que fosse a descoberta

do meu estilo.

Que por ser-me me fosse lindo.

Sem rodeios.

Sem continuidade.

Sem sentido.

Sem lirismo.

Real, normal...

Desinspirado.

Algo cínico que

fira com doçura

e veemência.

Algo meio fada,

meio bruxa

e meio madrinha.

Queria fazer um poema

que acompanhasse

o ritmo da respiração.

Que emocionasse

sem chocar.

Que não impusesse

identificação.

Um poema-eu

sem influências

nem prévia reflexão.

Algo que simplesmente

acontecesse.

Um imprevisto,

um reflexo.

Algo que me fugisse

ao controle.

Algo assim,

feito um beijo.




By Lucas